segunda-feira, 2 de maio de 2016

Mar



Cruzando mares interiores, balançando na barca das emoções, lavando o coração à bombordo do peito, sinalizando com a luz vermelha do amor meus fracassos e minhas conquistas. Tentando de qualquer jeito acelerar à velocidade de mil nós essa barca, nunca a S.Ó.S. Fazendo nó de marinheiro para atar boa energia, como zikr, marcando histórias. Fixando âncoras fora das ânsias, regiões de redemoinho. Não falar mal daquele marinheiro: lavar o convés, ao invés, em vez de. Água e sal da cabeça pra baixo - pra cima, quepe de capitão servo das águas. Sobe e desce meu peito, parece que vou vomitar. Mas olho não fixamente pro horizonte, pois este não é minha bússola. Olho de olhos fechados, para dentro, virando onda pra não ser engolido. Toda tempestade é salvação. Lava com vontade a embarcação. Lá vem onda. Leva onde? Lavem, ondas! Tira do casco a craca, sê o mar que abarca, vive poesia, se lança no amar. À vapor, queima todo o carvão que guarda no porão, fica à deriva, dê, ri, vá! Não volte! É tanto mar! Longe de abrolhos, abra os olhos, expande a mente, sente mais, mar adentro. Não sou o capitão marrento - e nem quero ser. Manja o mar. Yemanja. A alma é você dia a dia, oceano, anos luz. De vento em popa, não se poupa a proa, de boa. Voa. Espuma e lava todo ranso, que é bem mais vasto que ti o oceano. Nada, vira madeira, chaminé, timão, mastro. Me alastro. Puxa corda, sobe vela, assopra Tarimá. Na mão o timo, ótimo, timão. Ter no controle sempre a rota do meu coração.