segunda-feira, 6 de março de 2017

A vida realmente não se apresenta bastante nítida para o marinheiro que não utiliza as suas ferramentas de serviço. O marinheiro que navega equipado sabe que ele é o mar. Para atravessar a calmaria ou as intempéries, ele deve conectar-se com as energias de onde se insere, para atravessar o seu próprio espírito e chegar à sua meta.

Aquele que não conhece o mar e sai em aventuras, pode ter sorte ou arrastar-se na primeira onda, à deriva solto sem lei, sem decisão sobre o caminho a ser tomado. Nem sempre o marinheiro tem sorte - tanto o equipado e instruído quanto o desorientado. A maior bússola que temos será a mente ou o coração? Muitos colocam até o estômago como a rosa dos ventos. Porém, guiar-se é desafio sem tanta rigidez de normas, pois é adequação e adaptação às energias inconstantes que se apresentam. Aquele que segue à risca a cartilha cartográfica pode ficar tão envolvido em letras, legendas, mapas, manuais e manuseios técnicos que pode acabar não ouvindo o tempo certo que só o espírito vivo integrado ao corpo em ação pode realizar. Os comandantes de longa data que imperam sobre o mar sabem que o mar é dono deles. O respeito às ondas e aos sinais do tempo seria uma das ferramentas certeiras para conectar-se ao momento presente do balanço. A ferramenta de um marinheiro pode ser a bússola ou o timão, mas o canto e o assovio são estados de serviço que podem levar o marinheiro em condução firme e constante para a chegada ao porto.

Todos temos as nossas ferramentas e todos esquecemos ou nos lembramos delas. Diante do mar necessita-se olhar. Para o grande mar e para dentro de si. Ao mesmo tempo. É esse mistério que devemos navegar.